sexta-feira, 8 de abril de 2011

Elefante Brasileiro

O massacre de Realengo, tal qual o de Columbine, é um Elefante! Grande, misterioso, complexo. Gus Van Sant fez com Elefante talvez o seu filme mais importante, principalmente por que registra, fugindo de contornos psicológicos, o caos da sociedade contemporânea, do isolamento do indvíduo, da incomunicabilidade, do terror e da violência como válvulas de escape num mundo completamente tragado pelo ego e pelo fanatismo.


No Brasil a questão me parece ainda mais complexa, por quê envolve no cerne, a questão social, educacional ética e de saúde pública do Brasil.

Na verdade é interessante acompanhar um dia depois, o reflexo desse massacre na mídia brasileira - que sempre adorou explorar os dramas humanos, mas nunca assumiu um ponto de vista para defender a sociedade que ela tanto explora. A mídia imediatista e irresponsável não se preocupa com os meandros que provocam tragédias como essa, ela quer sangue e lágrimas. Nada mais.

Fica a manchete estampada num dos jornais de grande circulação aqui de Goiânia: "Nossas crianças não merecem isso!". E alguém merece? Não seria o caso de se perguntar: O que merecem as nossas crianças? A educação brasileira continua sendo tratada como paliativo nesse projeto de crescimento estrondoso em que o Brasil se colocou nos últimos anos. A criança e o adolescente, cada dia mais, sem referências familiares e principalmente éticas, acabam encontrando respostas para suas indagações na rua, mas principalemente na internet, esse oceano de informações desmedidas que muitas vezes acaba desnorteando ainda mais a psiqué perdida dos jovens.

Por isso, a tragédia em Realengo não é sobre um assassino e suas 13 vítimas. É sobre uma cultura de barbárie, de violência e de exclusão cada vez mais corrente em nosso país. É sobre o fanatismo religioso que impregna nossa sociedade (querem crucificar agora os muçulmanos, ó país de cristãos fanáticos), é sobre exclusão social, é sobre a deseducação, é sobre o descaso da saúde pública, é sobre a falência da instituição familiar, é sobre ética, sobre moral, sobre política. É acima de tudo sobre a maquiagem, a máscara que a sociedade brasileira vem fantasiando nossas verdades em nome de um "bem comum", de uma paz de araque plantada no subconsciente das pessoas e que faz brotar apenas a alienação.


 O Brasil, país de visão clara, límpida e indefectível enxerga o Elefante em sua superfície. Diferente do filme cego de Gus Van Sant, que tateia, ouve e pensa antes de nos dizer quem é esse Elefante monstruoso.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Lamorisse no Cultura


Eis que o Cine Cultura - quase que numa resposta às minhas críticas no post sobre o circuito cinematográfico de Goiânia - exibe a partir dessa sexta-feira duas obras-primas indispensáveis do cineasta francês Albert Lamorisse, O Balão Vermelho e O Cavalo Branco, ambos em cópias restauradas.

O Balão Vermelho é um ícone do cinema francês, elegia à cidade de Paris e á infância, é considerado por muitos como um dos melhores filmes franceses de todos os tempos. Foi refilmado há 3 anos atrás pelo mestre taiwanês Hou Hsiao Hsien, com a musa Juliette Binoche, numa homenagem primorosa ao filme de Lamorisse e é claro também à Paris, personagem principal de ambos os filmes. O filme de Hou, A Viagem do Balão Vermelho, disponível em dvd, é outra experiência indispensável e que ganha destaque agora com a exibição do filme original, que acaba dando uma dimensão ainda maior do cinema do grande Albert Lamorisse. É sem sombra de dúvida o grande programa do fim de semana!

Ficha Técnica
Filme: O Balão Vermelho / O Cavalo Branco
Titulo original: Le Baloon Rouge / Crin Blanc
Diretor: Albert Lamorisse
Pais: França
Ano: 1956 / 1953
Duração: 38 min. / 40 min.
Elenco: Pascal Lamorisse / Alain Emery
Estreia: Sexta-feira, 1º de abril de 2011
Local: Cine Cultura
Sessões: Segunda a sexta-feira, às 18h30 e 20h30. Sábado, domingo e feriado às 17 e 19 horas
Ingressos: R$ 6 (Inteira) e R$ 3 (Meia- entrada)
Classificação indicativa: Livre
Contato: Cine Cultura – (62) 3201-4670 / 3201-4646