terça-feira, 13 de outubro de 2009

Aquele Querido Mês de Agosto


Cópia ficou uma semana em cartaz em Goiânia e quem viu sabe bem da beleza que é esse filme de Miguel Gomes. Se Tarantino fala sobre o poder transformador do cinema em seu Bastardo Inglórios, Miguel Gomes nos confronta com a beleza do criar. Do mergulho nas nuances do mundo para se criar um universo de cinema, de ficção. Do caminho tortuoso e lindo que é conceber um filme. O cinema deve estar todo orgulhoso de si por duas tão belas declarações de amor a ele!

Master Class do Tarantino


Um filme que tem a capacidade de trazer à tona nomes como os de Ernst Lubiticsh, Sergio Leone e Seijun Suzuki só pode ser no mínimo genial, e é o que de fato acontece com Bastardos Inglórios, novo filme do já mestre Quentin Tarantino. De Lubitisch lembro bastante do maravilhoso "Ser ou Não Ser" com um Hitler histérico e chorão, numa caracterização deliciosamente burlesca do general alemão. De Leone, óbvio, há aquela sequência inicial maravilhosa, num jogo de reenquadramentos impressionante ao som de "Dopo la Condanna" do Morricone. De Suzuki, a fé na ficção como combustível para a verdade, do descortinamento da história, da fantasia e do exagero como ferramentas para se atingir o êxtase. É impressionante o diálogo que Tarantino consegue manter com suas platéias, uma cumplicidade raríssimas vezes alcançado por algum diretor.

A paixão de Tarantino pelo cinema é tamanha, que Bastardos Inglórios não poderia ser outra coisa senão a sua mais apaixonada declaração de amor a 7ª arte. Ele acredita no poder transformador do cinema, no combustível maravilhoso e incediário que ele pode ser, na sua capacidade de transformar pessoas e por que não, o mundo? E é lindo acima de tudo como Tarantino transforma o que poderia ser um monte de referências vazias e auto-indulgentes num espatáculo revisionista do que o cinema já foi e ainda pode ser.

Maravilhoso também poder conhecer esses personagens nascidos da mente desse cineasta intrincado. Afinal, como poderíamos ter a chance de conhecer tão bem o Coronel Hans Landa, personagem riquíssimo, interpretado por um ator extraordinário como Christoph Waltz? Ou Shossana e seu olhar triste mas muito forte, interpretada pela lindíssima Melanie Laurent?

E quando citei 3 grandes cineastas inspiradores de Tarantino esqueci de um tão ou mais importante que deve estar dando pulos de alegria com esse filme: Samuel Fuller! Quem viu "The Big Red One" sabe do que eu to dizendo...

E dizer que esse é disparado o melhor filme do ano é chover no molhado! Provavelmente deve ser mesmo é melhor filme da década!