Descubro hoje que atendendo a um pedido meu, o crítico e cineasta Eduardo Valente programou sessão de seu novo e primeiro longa, "No Meu Lugar" no Cine Lumiére Bouganville no dia 04 de dezembro. Oportunidade única e imperdível de ver o filme que tem distribuição mínima e restrita, e de ser, ao que tudo indica, um filme desafiador e destoante do pânorama do cinema brasileiro atual!
Peeping Tom, de Michael Powell: a obssessão pelo cinema (ou, o que se passa pela cabeça de um cineasta psicótico em busca de sua obra-prima). * * * * *
Mostra de Cinema no Cine Ouro traz renomados filmes Portugueses ao público goianiense
Tem início na próxima segunda, dia 30, no Centro Cultural Goiânia Ouro a 2ª edição da Mostra do Cinema Português. A mostra busca fazer um panorama dessa, que é uma das mais importantes e desconhecidas cinematografias do mundo. A primeira edição aconteceu entre os dias 28 de setembro e 5 de outubro e traçou um painel sobre um cinema autoral e desafiador , trazendo nomes consagrados como os dos mestres Manoel de Oliveira e João César Monteiro, além de novos talentos que já solidificaram suas carreiras em festivais internacionais como Pedro Costa e João Botelho.
A 2ª edição busca uma identidade mais forte com o cinema popular feito em Portugal, trazendo filmes de gênero que vão das comédias familiares, o policial e o terror produzidos entre os anos 40, até os dias atuais. O evento abre com a subversiva adaptação do clássico de Mário Zambujal, “Crônica dos Bons Malandros”, seguido do belíssimo e premiado curta “Tatana”. Integram ainda a programação a clássica comédia futebolística de Arthur Duarte, “O Leão da Estrela”; o polêmico “O Bobo”, considerado por muitos como um dos melhores filmes portugueses de todos os tempos; o premiado “The Lovebirds”, além do consagrado “O Delfim” do mestre Fernando Lopes, dentre outros. Oportunidade única de se conhecer esse que é um dos mais criativos e interessantes pólos de cinema do mundo.
Cinco motivos para assistir A Religiosa de Jacques Rivette:
1) Longe de ser apenas mais uma adaptação de um clássico da literatura mundial (famosa obra de mesmo nome do filósofo iluminista Denis Diderot), o filme ganha vida própria ao explorar bem menos seu polêmico viés anticlerical, para dar maior vasão ao sentimento humano e às consequências das escolhas que somos forçados a tomar ao longo de nossas vida.
2) Rivette que sempre foi cineasta da alma e dos sonhos faz aqui seu filme menos experimental, mas não menos ousado e confrontador, talvez o mais relevante e importante de sua brilhante carreira.
3) Anna Karina, musa de Godard, em presença absolutmente luminosa como Suzanne Simonin.
4) Mise-en-scène de Rivette espanta pela aparente simplicidade, mas os passeios de câmera (com a fotografia impressionante de Alain Levett) pelos corredores dos conventos, somados aos cortes secos e abrubtos que em certos momentos parecem enganar nossos olhos, criam um universo de cinema tão sólido, tão frontal e confrontador, que dificilmente sairá da cabeça.
5) Filme espantosamente atual, reflete de maneira corrosiva a maneira como somos tragados pelos anseios de uma sociedade que nos obriga a seguir caminhos tortuosos e obscuros, sem levarmos em conta nossos desejos e vocações.