terça-feira, 8 de dezembro de 2009

A ponte entre a arte e nós.


Como é bom se maravilhar com um filme, com cada frame gravado na memória, tentando nos dizer tantas coisas, olhando bem fundo nos seus olhos! Isso é "Le Pont des Arts", filme tão certeiro, tão devastador, que dá conta desse poder radiante da arte de mudar as pessoas, como pouquíssimos filmes conseguiram ao longo de todos esses anos de vida do cinema. Eugène Green é cineasta pouco conhecido fora da França, mas que já galgou grande reconhecimento da crítica com seus 6 filmes.

"Le Pont des Arts" é uma resposta a esse papel da crítica (principalmente na França onde os críticos são extremamente exigentes e esnobes), e uma declaração tão sincera e comovente à arte e ao artista, como criador de algo que transcende o tempo ou qualquer convenção meramente social, para se eternizar nos sentidos de quem se vê refletido e se reconhece, seja em uma música, seja em uma poema, um filme ou uma tela. A arte para Green é a fonte da vida que mantém os artistas sempre vivos na mente das pessoas... inesquecível, inesgotável...

E é sublime a sinceridade e a cumplicidade que o filme exige do espectador. Os personagens olhando no fundo de nossos olhos, nos revelando suas fraquezas, suas dúvidas, seus anseios, criando uma relação de simbiose tão complexa e devastadora com o espectador que é impossível não se ver refletido ali na tela.

Preciso agora esgotar a filmografia de Eugène Green, artista tão fascinante, que agora se fez eterno, ao menos em mim!

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P.S. Natacha Régnier numa das melhores atuações que eu vi nesse últimos anos, e Olivier Gourmet, dos meus atores preferidos, numa participação hilária e genial.

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